segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Uma semana

Estou há uma semana em Bucareste. Esta passou rápido. Algumas coisas já estão resolvidas. Tenho a minha casinha, já não durmo em saco-cama, já consigo um mínimo de orientação na cidade e já sei pra mais de 10 palavras romenas. Só o trabalho é que ainda não começou...
Para além disso, sinto-me já capaz de identificar e registar alguns pontos caracterizadores da cidade. Algo a que resolvi criativamente chamar "o que há mais em Bucareste".


O que há mais em Bucareste

- Romenos (dahh) - Esperava encontrá-los mas não em tão grande número para o espaço disponível
- Carros, também em grande número para o espaço disponível
- Má condução
- Insegurança – é sobretudo a combinação das duas anteriores que resulta num perigo constante para quem comete a ousadia de se meter nestas estradas, seja a pé seja de carro
- Frio (no exterior)
- Calor (no interior – de cada um, mas sobretudo dos edifícios)
- Má-educação - é frequente sermos pisados haver lugar para desculpas, já fomos expulsas de um táxi sem razão aparente, va rog, que é como quem diz, por favor, à partida não existe.
- Mau cheiro – é verdade. Uma das poucas coisas que ouvi sobre a Roménia e que se veio a constatar. De facto por vezes o odor, sobretudo em transportes, não é o que desejaria
- Floristas – arriscaria, sem grande rigor estatístico, o "nunca menos que um florista por estação de metro"
- Bancos, casas de câmbio e, não menos importantes, casinos e casas de jogos
- a Laura Pausini, o Eros Ramazzotti e os míticos ABBA
- Notas. Do 1 ao 100 é bastante fácil a carteira estar recheada de notas, mesmo que não se esteja propriamente rica. Há também moedas mas poucas, e quando falham há sempre rebuçados que as substituem na perfeição. Registar: Notas + modedas + rebuçados.
- Obras – muitas e notam-se bem.
- Portas – “Ah, portas há em todo o lado”. Pois é, mas estas são colocadas horizontalmente (e inseguramente) nos passeios pedonais, para atravessar um buraco de um lado ao outro.

- Publicidade - pois é, ainda não me vi livre dela. Há marcas por tudo quanto é sítio

Atenção, são apenas as primeiras impressões.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Calendário romeno

Os RR estão a dar os primeiros passos no mundo do entretenimento e estão sempre a marcar pontos. Prepararam esta pequena surpresa hilariante para a minha despedida. É a hora de a mostrar ao mundo e de agradece aos meus amiguinhos Raquel e Rodrigo.



quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Assentar arraiais

Depois do acampamento na “pequena espelunca” e de outro de uma noite no sofá de uma tuga em Bucareste chegou a altura de estender o saco cama (maravilhoso ultra light, que me custou os olhos da cara mas que me tem dado um jeitaço) no meu próprio quarto.
Depois de alguns pequenos problemas de liquidez, e recorrendo sobretudo ao endividamento, finalmente conseguimos reunir os lei necessários para pagar os primeiros custos com a casa e finalmente assinar contrato. Foi moroso, mas valeu a pena. É linda! Limpinha, soalhinho de madeira, quentinha (convém), bastante arrumação (até demasiada, para os míseros 15kg que trouxe de bagagem*), uma localização que me parece – a mim, leiga neste assunto – bastante razoável e, não menos importante, um preço suportável.
Está tudo a correr bem. Faltam alguns pequenos luxos – casa de banho operacional para tomar duche, lavar dentinhos entre outras coisas (note-se que temos um cubículo de menos de 1m2 com uma ela duma sanita – sem autoclismo OLI), a dispensa recheada e internet.

As residentes ainda não estão todas presentes (falta-nos a da suite – Diana), mas amanhã arrancamos a todo o vapor.

*A balança onde no decorrer da preparação das malas sempre pesei a minha bagagem e, afinal, nunca tive excesso de peso. Devo ser a única mafarrica que sai de casa por 8 meses com 15kg de bagagem.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Dia longo

Madrid, 14h25
Ligo para a Irina – a menina que ficou de me ir buscar ao aeroporto – “este serviço não lhe está disponível”. Depois de descobrir que o valor pago para todos os países da EU, independentemente da operadora móvel que usamos é igual, eis chegada a hora da 2ª novidade: “o roaming só lhe permite fazer chamadas para o país em que está ou para o país de origem.” Está certo! Cabines, népia: não sei se não funcionam ou se sou eu que não sei funcionar com elas. “Trrim” (“trrim” não é bem o toque do meu telemóvel, mas para o efeito também serve). Medo! O chefe! “Ah e tal a Irina está doente, não a pode ir buscar e não gostou do apartamento reservado para si”. Medo (a duplicar). Depois de alguma conversa ficou decidido que ele ia mandar um taxista buscar-me (deve ser moda na Roménia ter taxistas de confiança) e logo se vê o que acho do apartamento. Dúvida: partilho ou não com a minha família? Não! Já chega de stress. Agora stresso sozinha.

“Trrim” outra vez… “Madalina” (o contacto nº 2) “I have some contacts for you”. Merda, não tenho caneta (tenho pc ligado, mas quem se lembra disso com ele à fente?!). 5 minutos para comprar um lápis. Ah, ah! Trolhas atrás de mim! Será que têm um lápis? “deixa ca ver essas orelhas”. Será que os trolhas espanhóis também usam os lápis nas orelhas? Ah ah, não usam nas orelhas mas tem um disponível para emprestar à meninas de ar atrapalhado! Agora estou eu, de lápis na mão, caderno aberto à espera do telefonema da Madalina (já que o meu roaming espectacular me dá a abébia de receber chamadas de um outro país que não Espanha ou Portugal…

Cá está! O contacto do taxista, o Dorin! O contacto do Catalin, o senhor do apartamento rasca e o da própria Madalina, que estava com uma voz algo apreensiva. Afinal…não stresso sozinha!

Que divertido, isto de estar completamente enrascada…


Madrid, 17h40
Nada de novo. Vou ficar enrascada até chegar a Bucareste. Estou apenas mais cansada e menos criativa no que toca a inventar coisas para fazer…enfim, já falta pouco para pelo menos saber a porta de embarque.
Dá-me a sensação de que, à excepção da malta que cá trabalha, sou aquela que está aqui há mais tempo…


Bucareste, noite, bem noite
Dorin, o taxista, foi-me buscar e levar à dita espelunca. Uma noite na espelunca.

Bucareste, manhã do dia seguinte
Escritório, Madalina, malas guardadinhas com ela. Estou cansada de malas. Vou sair.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Prós e contras (sem Fatinha mas com gracinha)

Tenho uns amigos muito engraçadinhos. São todos, mas há uma que anda com altos níveis de desempenho. Desde que é do conhecimento público o facto de ir para a Roménia as piadas são mais que muitas e essa senhora enviou-me uma compilação, bastante engraçada, do género de coisas que já ouvi e outras que ainda não conhecia e que me fizeram dar pequenos "guinchos" no novo local de trabalho.
Como gostei passo a citar:


Vantagens de ir para a Roménia

- visitar um país que a maior parte dos mortais não conhece (excêntrico, hein!)
- privar com o conde Drácula! Dizem que é uma simpatia!
- conhecer Ramniku
- não ouvir falar no Luís Filipe Menezes durante 9 meses
- ser adepta do Ramniku Futebol Clube – o Dínamo já era
- viver num país latino em que os nativos percebem português
- ter a possibilidade de andar a cavalo com um LADA a reboque!
- não ter a Espanha por perto
- usar cedilhas debaixo de Ss (ş), e ă
- aprender um hino novo para além do de Ílhavo e o de Portugal:

Deşteaptă-te, române, din somnul cel de moarte,
În care te-adânciră barbarii de tirani!
Acum ori niciodată croieşte-ţi altă soartă,
La care să se-nchine şi cruzii tăi duşmani!
Acum ori niciodată să dăm dovezi în lume
Că-n aste mâni mai curge un sânge de roman,
Şi că-n a noastre piepturi păstrăm cu fală-un nume
Triumfător în lupte, un nume de Traian!
Priviţi, măreţe umbre, Mihai, Ştefan, Corvine,
Româna naţiune, ai voştri strănepoţi,
Cu braţele armate, cu focul vostru-n vine,
"Viaţă-n libertate ori moarte!" strigă toţi.
Preoţi, cu crucea-n frunte! căci oastea e creştină,
Deviza-i libertate şi scopul ei preasfânt,
Murim mai bine-n luptă, cu glorie deplină,
Decât să fim sclavi iarăşi în vechiul nost' pământ!



- ter amigos que continuam a insistir em Ramniku quando já toda a gente sabe que a cidade é Bucareste. Não deixa de ser bom
- deixar de ver o programa Iládio Clímaco do Alfa Pendular em que ele vai prós Açores com a outra e ficam em quartos separados
- ter o Leu como moeda, e fazer piadas com o Ramniku ao Leu
- ir 2 horas à frente de Portugal – Vai buscareeeee!
- MAIS!!!!!!! Ter muito mais ciganos que em Portugal!
- possibilidade de encontrar autoclismos OLI (aparecem onde menos se espera, acrescento eu)
- finalmente, descobrir um sem-fim de coisas que os idiotas da cauda da Europa ignoram por completo


Desvantagens

- não poder assistir à reviravolta da economia portuguesa
- não poder ir à depila na Gafanha! (não tem mal, dá jeito para o frio)
- não assistir à vitória do Benfica no campeonato
- perder a expulsão do José Rodrigues dos Santos da RTP. Dizem que ele vai sair com as orelhas a abanar.. estou pra ver isso

- falhar as noitadas apoteóticas do DJ DLobo
- Cães vádios em vez de gatos fedorentos (uma desvantagem que acrescentei, não consigo parar de pensar que não tomei a vacina)


E pronto, está visto que ja ninguém precisa de autoclismos, já que a autora devia estar a vendê-los em vez de estar a compilar disparates. VAI TRABALHAR MALANDRA!!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

stressadinha

Sou stressadinha. Sou stressadinha quando não sei o que vai acontecer e quando sei...também! Sou! Há pouco a fazer. Nenhum dos discursos anti-stress me convencem e, como tal, estou stressada. Vou mudar de casa. Vou começar um novo trabalho, e bem diferente do anterior(:s). Vou ter os meus amigos à distância das internets e dos telefones. Vou mudar de país. A sra da paragem do autocarro não vai perceber à 1ª a dúvida que tenho sobre o percurso que devo tomar e, parece-me, é razão mais do que suficiente para estar stressada.
Mas o grave do stress é que fico tão desorientada que não consigo minimizá-lo. Neste momento estou na recta final da minha estadia em Portugal. Há pormenores que não resolvi e pessoas de quem não me despedi (e provavelmente não me vou despedir). Acho que me apetece mais despedir-me do meu cantinho, da minha zona de conforto, da vida direita e certa que tinha, para poder stressar à vontade nos próximos meses. Afinal, também gosto disto caramba!!
Acho que até estou um bocadinho menos stressada.

domingo, 4 de novembro de 2007

Um casório - o enterro dos velhos tempos

Ontem fui a mais um casório. Casório de amiga! O grave é que a amiga é de faculdade (a 1ª amiga da faculdade a casar-se). Fui e gostei. Comi e bebi como se deve num casamento, mas o mais importante é que a vi casar-se. Quase chorei (disse quase) quando entrou na igreja. Ao contrário do que costuma acontecer foi mesmo um mix de alegria com tristeza. Acontece que apesar de os tempos inconscientes da faculdade já terem passado (e eu já tinha percebido isso), este casamento foi mais uma pazada de terra em cima deles. Enfim, novos virão e serão enterrados. Tenho que me habituar aos ciclos...já é tempo.

Mudanças

O mundo é composto de mudanças. O que é válido para o geral há-de ser válido para cada uma das partes ou pelo menos, à parte em que cabe o meu quarto. Já há alguns anos que me habituo a ter duas casas: aquela onde moro oficialmente e aquela onde moro efectivamente. Mas efectivamente tenho as habituais tralhinhas repartidas pelas duas, para nenhuma ficar com ciúmes. Acontece, que no meio de tanta mudança estas tralhinhas estão progressivamente a concentrar-se na residência oficial, sendo que para a efectiva ficam só as que efectivamente são essenciais ao meu dia-a-dia. O básico.
Hoje foi o dia em que tentei, porque ainda não consegui, arranjar espaço para todas elas. Os meus aposentos oficiais têm duas camas. O que significa que têm dois “baixos da cama”. O baixo da cama, desde que me entendo por gente tem um potencial enorme. Quando era pequena (e quando a mãe deixava) cheguei a fazer um segundo quarto lá. Uma cama debaixo da cama, uma mesinha de cabeceira e respectivo candeeiro debaixo da cama faziam as delícias da pequena lula. Mais tarde descobri que em vez de quarto o “debaixo da cama” podia servir de arrumo, ou de desarrumo (o que sempre me deu muito mais jeito). Desde as últimas mudanças (há dois anos atrás) que o “debaixo da cama” em que não durmo estava na mesma. Desarrumado mas com todas as lembranças de faculdade. Hoje, tudo mudou. Limpei tudo. Desarrumei tudo, e consegui até (com algum esforço, mais do que se possa imaginar) deitar coisas fora. Alguns resumos da escola secundária, algumas cartas antigas do banco, alguns cartões do tempo em que as operadoras movéis os ofereciam, a troco de coisa alguma, com algum dinheirito em chamadas e...pouco mais. A verdade é que tenho sérias dificuldades em separar-me das coisas, por mais que não olhe para elas e não lhes ligue nenhuma (o que, de resto, é completamente verdade). Achei folhinhas de colecção (sim, disse folhinhas de colecção), cadernos inacabados (A4, A5, B4, blocos quadrados, rectangulares, ao alto, ao baixo, etc., etc....) que a minha consciência ecológica me continua a impedir a deitar fora, um walkman, o meu 1º Alcatel e respectivo carregador(esse ícone da era das telecomunicações, que me pediram que guardasse em lugar seguro, provavelmente para me parodiarem), um jogo de motas e respectivo carregador (oh pá, e o meu tetris, que será feito dele?!?) e até o meu passaporte, pelo qual chorei há umas semanas (caducado). Enfim, um mundo.
Neste momento 10% do mundo restante (a parte escolar até ao 12º ano) está arrumado em caixotes para o arquivo morto (vulgo sotão). 70% está espalhado à minha volta 3 os restantes 20 serão cartas que estão já arquivadas, e fotos (que nunca pensei ter) compiladas desordenadamente num caixote (um dia faço uns quantos albuns).
Um trabalho notável após cerca de 7 anos sem arrumar.