O mundo é composto de mudanças. O que é válido para o geral há-de ser válido para cada uma das partes ou pelo menos, à parte em que cabe o meu quarto. Já há alguns anos que me habituo a ter duas casas: aquela onde moro oficialmente e aquela onde moro efectivamente. Mas efectivamente tenho as habituais tralhinhas repartidas pelas duas, para nenhuma ficar com ciúmes. Acontece, que no meio de tanta mudança estas tralhinhas estão progressivamente a concentrar-se na residência oficial, sendo que para a efectiva ficam só as que efectivamente são essenciais ao meu dia-a-dia. O básico.
Hoje foi o dia em que tentei, porque ainda não consegui, arranjar espaço para todas elas. Os meus aposentos oficiais têm duas camas. O que significa que têm dois “baixos da cama”. O baixo da cama, desde que me entendo por gente tem um potencial enorme. Quando era pequena (e quando a mãe deixava) cheguei a fazer um segundo quarto lá. Uma cama debaixo da cama, uma mesinha de cabeceira e respectivo candeeiro debaixo da cama faziam as delícias da pequena lula. Mais tarde descobri que em vez de quarto o “debaixo da cama” podia servir de arrumo, ou de desarrumo (o que sempre me deu muito mais jeito). Desde as últimas mudanças (há dois anos atrás) que o “debaixo da cama” em que não durmo estava na mesma. Desarrumado mas com todas as lembranças de faculdade. Hoje, tudo mudou. Limpei tudo. Desarrumei tudo, e consegui até (com algum esforço, mais do que se possa imaginar) deitar coisas fora. Alguns resumos da escola secundária, algumas cartas antigas do banco, alguns cartões do tempo em que as operadoras movéis os ofereciam, a troco de coisa alguma, com algum dinheirito em chamadas e...pouco mais. A verdade é que tenho sérias dificuldades em separar-me das coisas, por mais que não olhe para elas e não lhes ligue nenhuma (o que, de resto, é completamente verdade). Achei folhinhas de colecção (sim, disse folhinhas de colecção), cadernos inacabados (A4, A5, B4, blocos quadrados, rectangulares, ao alto, ao baixo, etc., etc....) que a minha consciência ecológica me continua a impedir a deitar fora, um walkman, o meu 1º Alcatel e respectivo carregador(esse ícone da era das telecomunicações, que me pediram que guardasse em lugar seguro, provavelmente para me parodiarem), um jogo de motas e respectivo carregador (oh pá, e o meu tetris, que será feito dele?!?) e até o meu passaporte, pelo qual chorei há umas semanas (caducado). Enfim, um mundo.
Neste momento 10% do mundo restante (a parte escolar até ao 12º ano) está arrumado em caixotes para o arquivo morto (vulgo sotão). 70% está espalhado à minha volta 3 os restantes 20 serão cartas que estão já arquivadas, e fotos (que nunca pensei ter) compiladas desordenadamente num caixote (um dia faço uns quantos albuns).
Um trabalho notável após cerca de 7 anos sem arrumar.
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1 comentário:
Cara amiga,
O melhor é guardar tudo, não vá ser preciso para um próximo Carnaval. Há uma pessoa da minha família que fez isso ao longo da vida. Não imagina o jeitaço que isso tem dado a mim e mais umas quantas!Esse telemovel ainda vai ser uma relíquia de antiquário. Por quanto é que estaria disposta a vender-mo?
O baixo da cama de que fala deve ser um autêntico iceberg!Diria que merece uma análise freudiana, que lamentavelmente não estou habilitada a fazer! Sabe o que lhe digo?!, bem boas essas casinhas. Excepto quando apareciam elementos exteriores (irmãs e tios) a chatear... Memories!
Um forte abraço (com palmadões nas costas)
Seninhos
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