Tudo corria bem. Ok, desta vez houve excesso de bagagem, mas nada de especial. Encontro uma amiga que não vejo há já um ano. Em Madrid uma que não vejo há mais de dois. Conversa é sempre bom quando preciso de me entreter. Uma fila aqui, outra acolá, mas tudo ia sobre rodas até ao inferno "Madrid- Bucareste".
Escolho a dedo o meu lugar, perto da janela. Tenho dois livros, nada pode falhar. Ah, 2 jovens ao meu lado, que mostram os pullovers lacoste que compraram aos preços baixos de Espanha, o paizinho à frente, e a restante família espalhada ali ao pé. Decidi nem prestar atenção ao pequeno “show” de segurança, para não secar.
Tudo começa quando a “miss totó bem feito” passar com o seu mini bar ambulante. Para abrir pedem uma sandes e a tradicional coca-cola (são romenos, não tem nada que enganar). O mal começa com o red bull fedorento que começam a pedir. Não gosto de red bull, o cheiro enjoa-me, mas não há nada a fazer. Ui, Jack Daniels. Um copo, dois copos. Um que passa para a frente, cubos de gelo que passam para trás, está o circo armado. “Dorme lula”. Acho até que consegui mas…não há red bull – Jack Daniels (RDJD) sem o belo do som. Alto, estava bem alto. Mudava de posição, tentava, mas o som e o cheiro não me permitiam ferrar à séria como pretendia. Tinha acabado de chegar ao inferno e, não sei se alucinei ou não, mas pareceu-me ouvir “ela nunca vai conseguir dormir aqui”. Era verdade! Maldade mas verdade. O som aumenta. Não aguento, é mau demais para o estar a ouvir. Felizmente tinha o ipod salvador do Rodrigo que se revelou bastante útil. O pai deixou de me parecer pai e tudo aquilo mais me pareceu o regresso de uma viagem de finalistas (volta rapaz que me fez festinhas na cabeça de Portugal ao Brasil, que estás perdoado). A alucinação é de tal ordem que me pareceu ver o bebé da família a pegar num copo de RDJD. Não era o bebé mas sim o pai. Ai, mas o bebé sempre existe e passeia-se nas mesinhas dos rapazes por entre os copos e a bebida que já tantas vezes foi nelas vertida e o mars, cujo cheiro também já me começa a enojar (e não vou falar do sovaco do romenito sentado imediatamente ao meu lado). “bem podia vir agora a miss totó bem feito”, no seu papel de “fiscal de mesinhas fechadas”, terminar aquela cena. Ah! Mãe de bom senso, que vem buscar o bebé…Ah, vão acalmar: há cartas na mesa. Mas não!
De repente, e tudo sem que ouvisse nada, porque o ipod continuava a desempenhar a sua função, vejo uma mão “gadget” a galgar por entre dois assentos e ir direita à cara de um membro da família. Finalmente isto vai animar, vou viver os velhos tempos do cinema da costa nova em que o filme parava enquanto meia dúzia de pescadores acertavam suas contas. Sim, o clima de horror instalou-se e as intervenções do comissário só cessaram quando disse no seu melhor castelhano o que me arrisco a traduzir por “se essa merda se repete tens a bófia à espera assim que aterrarmos”.
Não pararam na totalidade. Houve cigarrinhos no WC, houve gente em pé quando devia estar com os cintos, houve barulho, ouve discretos puxões de orelhas que só eu vi, mas a coisa compôs-se.
Parte boa a retirar desta viagem
- passei a identificar o que é o beto romeno. Veste bem, passeia com os paizinhos e faz estrilho sempre que pode
- Nunca mais digo mal de ninguém que, no avião, se mitre ao meu pãozinho e ao meu mini pacotinho de salas. Volta espanhol dos mentolitos que, também tu estás perdoado.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
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3 comentários:
RBJD em vez de RDJD. :P
Fixe Fixe é VRB (Vodka/Red Bull)...Isso do Jack é mesmo para betinhos heheh
Lol, sempre a achar defeitos. A dislexia é quase uma arte, tem o seu charme. Não me chateies.
Vodka redbull, de facto, pelo menos sob o ponto de vista do cheiro é bem melhor.
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