Obrigada Jaminho, poupaste-me trabalho!
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
O próximo é que é!
Não gosto da passagem de ano. Tudo é falso. Podia apetecer-me ir pra caminha cedinho, mas não, não pode ser. Depois as passas, ao ritmo dos desejos, os de dezembro já me saiem parecidos aos de Janeiro ou Fevereiro. Depois há as cuecas azuis, e há o que mais se quiser inventar para fazer doer a consciência dos que não querem estar presos a estas pequenas coisas mas cujo risco não se quer correr. Sou eu! Porque raio tenho de ter umas cuecas azuis NOVAS no dia 1? Ou será que é à meia noite de 31 para 1? Bom, à cautela tenho 2 cuecas novas azuis, e sei que vou usá-las na passagem de ano e no próprio dia. Rendi-me a mais uma superstição e é mais um ano que ela vai andar comigo. O que é que se aproveita nisto tudo? O champagne e as resoluções! Gosto do brinde, gosto do champagne e gosto que todos bebam do mesmo! Quanto às resoluções de ano novo são mesmo boas notícias. Há que resolver alguma coisa pelo menos uma vez por ano, ou pelo menos, pensar em resolver. Vai ser muito bom. Vou ser melhor, mais magra, mais gira e até mais nova! Ao nível intelectual certamente também haverá melhorias. Enfim, uma maravilha. Feliz ano novo.
sábado, 29 de dezembro de 2007
Uma queda, um hospital
A nossa amiga Diana mandou um tralho. Até aqui, nada de novo. É conhecida como uma profissional de quedas, no chão, contra sinais de trânsito, postes, beliches, pessoas e tudo o que é suscepível de fazer magoar. Faz parte e tem até o seu charme (para mim que acho graça). Tem até registo dos records alcançados. Ao nível das quedas, por exemplo, é sete num fim de semana (atenuante, era prolongado). Bucareste não seria excepção. A neve é muito linda, torna a cidade bonita, mas depois...depois é que são elas. O gelo no chão, que me havia feito quase cair no dia anterior, com a Diana foi implacável (e nem ela permitiria o contrário). Depois de choros, gemidos e quebras de tensão, eis chegada a hora de ir a um hospital romeno. Desenganem-se os que pensam que é o caos das urgências do Santa Maria (que foi o pior que já experienciei). Não esperámos 1 minuto até a vermos sentada numa cadeira de rodas, nem 3 até estar a ser "atendida". Um raio X determinaram a sentença, há más e boas notícias: o tornozelo partido, uma ruptura de ligamentos mas livre de intervenção cirúrgica. Houve guinchos que ensurdecederam alguns romenos ali presentes, mas finalmente tinha "tudo no sítio" e o pezito engessado. Agora são 6 semanas de calma, paciência e muito "takataka".
Monstro do cotão
É horrível, cresce sem darmos por ela, esconde-se para aparecer nos momentos mais inconvenientes, passa de uns locais para os outros sem se fazer notar. É o monstro do cotão. Voltou a aparecer na minha vida. Reduzi-o ao máximo que pude, mas sem os poderes do "super-aspirador" torna-se quase impossível. Sei que vai voltar... Ele anda aí!!
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
O beto romeno
Tudo corria bem. Ok, desta vez houve excesso de bagagem, mas nada de especial. Encontro uma amiga que não vejo há já um ano. Em Madrid uma que não vejo há mais de dois. Conversa é sempre bom quando preciso de me entreter. Uma fila aqui, outra acolá, mas tudo ia sobre rodas até ao inferno "Madrid- Bucareste".
Escolho a dedo o meu lugar, perto da janela. Tenho dois livros, nada pode falhar. Ah, 2 jovens ao meu lado, que mostram os pullovers lacoste que compraram aos preços baixos de Espanha, o paizinho à frente, e a restante família espalhada ali ao pé. Decidi nem prestar atenção ao pequeno “show” de segurança, para não secar.
Tudo começa quando a “miss totó bem feito” passar com o seu mini bar ambulante. Para abrir pedem uma sandes e a tradicional coca-cola (são romenos, não tem nada que enganar). O mal começa com o red bull fedorento que começam a pedir. Não gosto de red bull, o cheiro enjoa-me, mas não há nada a fazer. Ui, Jack Daniels. Um copo, dois copos. Um que passa para a frente, cubos de gelo que passam para trás, está o circo armado. “Dorme lula”. Acho até que consegui mas…não há red bull – Jack Daniels (RDJD) sem o belo do som. Alto, estava bem alto. Mudava de posição, tentava, mas o som e o cheiro não me permitiam ferrar à séria como pretendia. Tinha acabado de chegar ao inferno e, não sei se alucinei ou não, mas pareceu-me ouvir “ela nunca vai conseguir dormir aqui”. Era verdade! Maldade mas verdade. O som aumenta. Não aguento, é mau demais para o estar a ouvir. Felizmente tinha o ipod salvador do Rodrigo que se revelou bastante útil. O pai deixou de me parecer pai e tudo aquilo mais me pareceu o regresso de uma viagem de finalistas (volta rapaz que me fez festinhas na cabeça de Portugal ao Brasil, que estás perdoado). A alucinação é de tal ordem que me pareceu ver o bebé da família a pegar num copo de RDJD. Não era o bebé mas sim o pai. Ai, mas o bebé sempre existe e passeia-se nas mesinhas dos rapazes por entre os copos e a bebida que já tantas vezes foi nelas vertida e o mars, cujo cheiro também já me começa a enojar (e não vou falar do sovaco do romenito sentado imediatamente ao meu lado). “bem podia vir agora a miss totó bem feito”, no seu papel de “fiscal de mesinhas fechadas”, terminar aquela cena. Ah! Mãe de bom senso, que vem buscar o bebé…Ah, vão acalmar: há cartas na mesa. Mas não!
De repente, e tudo sem que ouvisse nada, porque o ipod continuava a desempenhar a sua função, vejo uma mão “gadget” a galgar por entre dois assentos e ir direita à cara de um membro da família. Finalmente isto vai animar, vou viver os velhos tempos do cinema da costa nova em que o filme parava enquanto meia dúzia de pescadores acertavam suas contas. Sim, o clima de horror instalou-se e as intervenções do comissário só cessaram quando disse no seu melhor castelhano o que me arrisco a traduzir por “se essa merda se repete tens a bófia à espera assim que aterrarmos”.
Não pararam na totalidade. Houve cigarrinhos no WC, houve gente em pé quando devia estar com os cintos, houve barulho, ouve discretos puxões de orelhas que só eu vi, mas a coisa compôs-se.
Parte boa a retirar desta viagem
- passei a identificar o que é o beto romeno. Veste bem, passeia com os paizinhos e faz estrilho sempre que pode
- Nunca mais digo mal de ninguém que, no avião, se mitre ao meu pãozinho e ao meu mini pacotinho de salas. Volta espanhol dos mentolitos que, também tu estás perdoado.
Escolho a dedo o meu lugar, perto da janela. Tenho dois livros, nada pode falhar. Ah, 2 jovens ao meu lado, que mostram os pullovers lacoste que compraram aos preços baixos de Espanha, o paizinho à frente, e a restante família espalhada ali ao pé. Decidi nem prestar atenção ao pequeno “show” de segurança, para não secar.
Tudo começa quando a “miss totó bem feito” passar com o seu mini bar ambulante. Para abrir pedem uma sandes e a tradicional coca-cola (são romenos, não tem nada que enganar). O mal começa com o red bull fedorento que começam a pedir. Não gosto de red bull, o cheiro enjoa-me, mas não há nada a fazer. Ui, Jack Daniels. Um copo, dois copos. Um que passa para a frente, cubos de gelo que passam para trás, está o circo armado. “Dorme lula”. Acho até que consegui mas…não há red bull – Jack Daniels (RDJD) sem o belo do som. Alto, estava bem alto. Mudava de posição, tentava, mas o som e o cheiro não me permitiam ferrar à séria como pretendia. Tinha acabado de chegar ao inferno e, não sei se alucinei ou não, mas pareceu-me ouvir “ela nunca vai conseguir dormir aqui”. Era verdade! Maldade mas verdade. O som aumenta. Não aguento, é mau demais para o estar a ouvir. Felizmente tinha o ipod salvador do Rodrigo que se revelou bastante útil. O pai deixou de me parecer pai e tudo aquilo mais me pareceu o regresso de uma viagem de finalistas (volta rapaz que me fez festinhas na cabeça de Portugal ao Brasil, que estás perdoado). A alucinação é de tal ordem que me pareceu ver o bebé da família a pegar num copo de RDJD. Não era o bebé mas sim o pai. Ai, mas o bebé sempre existe e passeia-se nas mesinhas dos rapazes por entre os copos e a bebida que já tantas vezes foi nelas vertida e o mars, cujo cheiro também já me começa a enojar (e não vou falar do sovaco do romenito sentado imediatamente ao meu lado). “bem podia vir agora a miss totó bem feito”, no seu papel de “fiscal de mesinhas fechadas”, terminar aquela cena. Ah! Mãe de bom senso, que vem buscar o bebé…Ah, vão acalmar: há cartas na mesa. Mas não!
De repente, e tudo sem que ouvisse nada, porque o ipod continuava a desempenhar a sua função, vejo uma mão “gadget” a galgar por entre dois assentos e ir direita à cara de um membro da família. Finalmente isto vai animar, vou viver os velhos tempos do cinema da costa nova em que o filme parava enquanto meia dúzia de pescadores acertavam suas contas. Sim, o clima de horror instalou-se e as intervenções do comissário só cessaram quando disse no seu melhor castelhano o que me arrisco a traduzir por “se essa merda se repete tens a bófia à espera assim que aterrarmos”.
Não pararam na totalidade. Houve cigarrinhos no WC, houve gente em pé quando devia estar com os cintos, houve barulho, ouve discretos puxões de orelhas que só eu vi, mas a coisa compôs-se.
Parte boa a retirar desta viagem
- passei a identificar o que é o beto romeno. Veste bem, passeia com os paizinhos e faz estrilho sempre que pode
- Nunca mais digo mal de ninguém que, no avião, se mitre ao meu pãozinho e ao meu mini pacotinho de salas. Volta espanhol dos mentolitos que, também tu estás perdoado.
Aviões
É cada vez mais evidente. Não gosto de andar de avião. “Ah, tens é medo…”. Nada disso. Gosto do friozinho na barriga quando levantamos voo. Gosto do potencial de histórias ridículas que daí advêm, mas de resto, os pontos fracos são muitos e posso enumerar alguns para que me acreditem:
1. O avião nunca está nem chega aonde dá jeito, é perto é perto de onde dá jeito, mas não é. “São cerca de 20km”…20km?!?
2. Quando a cidade tem mais do que um aeroporto o risco de não irmos para o correcto é bastante grande (É BASTANTE GRANDE, SIM, E DE SÓ REPARAR NISSO À HORA DE ABERTURA DO CHECK IN TAMBÉM)
3. O táxi à porta dos aeroportos é um verdadeiro roubo e portanto, no caso de acontecer 2., a malta fica danada…é desagradável e pode até estragar uma viagem.
4. As filas nas portas de embarque 10 minutos antes da sua abertura. Irrita-me e pior, se ficas sentado há olhares de chantagem, acabo sempre por compactuar…
5. Os comissários de bordo. Tenham paciência, com esta é que eu não posso mesmo. Uma pessoa demora horas para chegar ao aeroporto (com ou sem incidentes), filas no check in, esperas, filas para sabermos se somos de bem ou não a partir do caderninho vermelho, filas nas portas de embarque e, quando finalmente se senta em paz e se prepara para relaxar, tem de levar com aquela palhaça. Sim, refiro-me aquela pequena exibição (sempre pior quando são jovens senhores a desempenhá-la). Como se gasta tanto dinheiro a ensinar aqueles passos de dança a tanta gente. Bastava contratar um, sugiro até um actor profissional, gravar, montar, pós produzir e como resultado sairia um belo filme, mais real e mais explicativo que se repetiria a cada viagem. Porquê? Porquê aquele ar firme a apontar sabe-se lá para onde? Mas passa pela cabeça de alguém que alguma daquelas almas ali sentadas consiga ter a percepção de onde estão as saídas de emergência? Eu pelo menos, fico tão entretida a ver a performance individual de cada que me esqueço por completo do propósito de segurança da coisa. Finalmente, depois do momento alto em que cinto deslizar no ar, nas mãos do menino já com o colete amarelo vazio sobre os seus ombros, terminou aquele momento. Agora sim. Afinal não. Chegou a hora de desempenhar um outro papel. Transformam-se em fiscais das mesinhas, dos cintos, das bagagens debaixo da cadeira alheia…e apanham sempre um ou dois prevaricadores, mas sempre com aquele ar de polícia bom…que dor…
6. As malas. Uma maçada…dispensa dissertação. A partir do momento em que se apanha um autocarro para ir buscar a mísera mala que está praticamente vazia…
7. As escalas – gosto mais da de Richter e da de Mercalli do que destas. São opiniões…
8. Os bancos dos aeroportos – por mim tirava-lhe os braços. Aliás, acho que o sofá cama devia fazer parte do mobiliário obrigatório de qualquer aeroporto. Mas ok, a vida está difícil.
Sugestão: investir a poupança obtida com a redução da formação em expressão dramática dos comissários e hospedeiras, em sofás cama, ok, são dinheiros de partes diferentes, mas com organização tudo se consegue, vamos lá a fazer uma forçazinha)
9.As chegadas – que vergonha…estou sempre à espera das palmas quando saio com as malinhas…
1. O avião nunca está nem chega aonde dá jeito, é perto é perto de onde dá jeito, mas não é. “São cerca de 20km”…20km?!?
2. Quando a cidade tem mais do que um aeroporto o risco de não irmos para o correcto é bastante grande (É BASTANTE GRANDE, SIM, E DE SÓ REPARAR NISSO À HORA DE ABERTURA DO CHECK IN TAMBÉM)
3. O táxi à porta dos aeroportos é um verdadeiro roubo e portanto, no caso de acontecer 2., a malta fica danada…é desagradável e pode até estragar uma viagem.
4. As filas nas portas de embarque 10 minutos antes da sua abertura. Irrita-me e pior, se ficas sentado há olhares de chantagem, acabo sempre por compactuar…
5. Os comissários de bordo. Tenham paciência, com esta é que eu não posso mesmo. Uma pessoa demora horas para chegar ao aeroporto (com ou sem incidentes), filas no check in, esperas, filas para sabermos se somos de bem ou não a partir do caderninho vermelho, filas nas portas de embarque e, quando finalmente se senta em paz e se prepara para relaxar, tem de levar com aquela palhaça. Sim, refiro-me aquela pequena exibição (sempre pior quando são jovens senhores a desempenhá-la). Como se gasta tanto dinheiro a ensinar aqueles passos de dança a tanta gente. Bastava contratar um, sugiro até um actor profissional, gravar, montar, pós produzir e como resultado sairia um belo filme, mais real e mais explicativo que se repetiria a cada viagem. Porquê? Porquê aquele ar firme a apontar sabe-se lá para onde? Mas passa pela cabeça de alguém que alguma daquelas almas ali sentadas consiga ter a percepção de onde estão as saídas de emergência? Eu pelo menos, fico tão entretida a ver a performance individual de cada que me esqueço por completo do propósito de segurança da coisa. Finalmente, depois do momento alto em que cinto deslizar no ar, nas mãos do menino já com o colete amarelo vazio sobre os seus ombros, terminou aquele momento. Agora sim. Afinal não. Chegou a hora de desempenhar um outro papel. Transformam-se em fiscais das mesinhas, dos cintos, das bagagens debaixo da cadeira alheia…e apanham sempre um ou dois prevaricadores, mas sempre com aquele ar de polícia bom…que dor…
6. As malas. Uma maçada…dispensa dissertação. A partir do momento em que se apanha um autocarro para ir buscar a mísera mala que está praticamente vazia…
7. As escalas – gosto mais da de Richter e da de Mercalli do que destas. São opiniões…
8. Os bancos dos aeroportos – por mim tirava-lhe os braços. Aliás, acho que o sofá cama devia fazer parte do mobiliário obrigatório de qualquer aeroporto. Mas ok, a vida está difícil.
Sugestão: investir a poupança obtida com a redução da formação em expressão dramática dos comissários e hospedeiras, em sofás cama, ok, são dinheiros de partes diferentes, mas com organização tudo se consegue, vamos lá a fazer uma forçazinha)
9.As chegadas – que vergonha…estou sempre à espera das palmas quando saio com as malinhas…
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
O mercado do Obor
Ontem o mercado do Obor foi na Calea Moşilor, "na entrada logo a seguir à German Optik, na tão falada penthouse. Para os presentes houve de tudo: conservas, facas, copos de plástico, copos de vidro, canecas, varinhas mágicas, batatas, cebolas, tachos, frigideiras, mesinhas de cabeceira, candeeiros, extensões eléctricas...enfim, para todos os gostos. Bastava a pergunta "mais alguém quer?". Não, põe no saco. No caso contrário, procedia-se a uma pequena discussão para aferir de que lado estava a maior necessidade - é para esse que vai a peça. Foi assim que se dividiu ontem o recheio de casa da Ana e do André, com o intuito de não deixar enriquecer o Chinês*.
Para casa levámos uma série sacos, cheios de utilidades que um dia também passaremos a alguém. No maior, e bem fechadinho, trouxe a saudade e a falta que a Ana me vai fazer durante estes próximos meses em Bucareste. Mesmo assim, acho que valeu a pena trazê-lo.
Beijinhos Ana.
PS - hoje as duas outras pelintras ainda trouxeram uma bicicleta...
*Chinês - o senhorio da casa
Para casa levámos uma série sacos, cheios de utilidades que um dia também passaremos a alguém. No maior, e bem fechadinho, trouxe a saudade e a falta que a Ana me vai fazer durante estes próximos meses em Bucareste. Mesmo assim, acho que valeu a pena trazê-lo.
Beijinhos Ana.
PS - hoje as duas outras pelintras ainda trouxeram uma bicicleta...
*Chinês - o senhorio da casa
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Sighişoara
Eu podia falar de Sighişoara. Da magnífica viagem que nos levou dois dias quando podia resumir-se a apenas um. Do acordar às 4h50. Das 5 horas num comboio em pé com as tradicionais cotoveladas. Da neve do caminho. Do cansaço.Da casa onde nasceu o Vlad Ţepeş (vulgo Conde Drácula) e onde jantei. Das 4 pequenas salas de um museu de armas. Dos barretes. Dos gatos felpudos da casa da Cristina (que não se chegaram a transformar em vampiros durante a noite). Enfim, da visita à vila que embora engraçada era pequena e que não justificou o meu esforço e sono. Mas não. Não me apetece. Apetece-me mostrar a foto do menino, que pedia na estação (parem as lágrimas, isto acaba já). Apetece-me contar que agradeceu, sorrindo gentilmente, a foto e, sobretudo, o poder ver -se na máquina. Parecia cigano, mas não tinha cotovelos de ferro (chorai, agora). Sim, pensei pedir-lhe o e-mail para lha enviar, mas seria inútil...ele não falava inglês:P
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
LULA SA - serviços de estafetagem, compras e tudo e tudo e tudo
Desde que trabalho que me queixo do que faço. Acho mesmo que não é por nao gostar, mas antes por achar que podia ser melhor. Quando vim para esta terra, pus as mãos à cabeça com o que ia fazer "vou comprar agrafadores e micas". De facto, não foi o que sonhei para mim (mas também não me lembro muito bem desse sonho)
Desde que cá estou tenho feito muitas coisas que, um dia, me atreverei, orgulhosamente, a por no meu CV.
Serviços de estafetagem
Comecemos pelos serviços de estafetagem. Tornei-me numa moça de recados. Já fui a poşta româna, que é como quem diz aos correios. Lá encontrei uma séria de gente simpática e velhinha, infelizmente não foi atrás do balcão. Aí encontrei 3 jovens e trombudas. Felizmente havia uma, que embora não falasse inglês (e provavelmente nem romeno fala, porque não lhe ouvi qualquer tipo de som), entendia. Lá enviei mil cartas, com aviso de recepção. Safei-me.
Compras
Outro dos meus trabalhos é arranjar um fornecedor de economato - forma pomposa de dizer lápis e agrafadores. Significa, que das propostas que recebi (e não em resposta aos mails por mim enviados), tenho de fazer um "cabaz" comparável e seleccionar um fornecedor. Simples, nada de estranho. O grave problema não está no cabaz mas nos produtos romenos que estão dentro deles - capses, capsatores, harties, folies, plics, enfim, todo um manancial de coisas que espero serem precisas para se trabalhar num escritório.
Asseio
Uma empresa quer-se asseada. Como não quero que esteja na minha "job description" o tópico "desinfecção de sanitas e bidés" é melhor que arranje uma empresa de limpeza. Nunca pensei que houvesse tanta esquisitice para contratar mulheres (ou homens, não me oponho) a dias. Ao que parece eles só fazem o que está no papel, e no caso, o papel não é o que fica em cima da mesa da cozinha, mas o pomposo nome "caderno de encargos". Tive de o fazer, cheio de descrições, metros quadrados, tipos de pavimentos e revestimentos e, até, diferentes níveis de limpeza (que o WC se quer mais definfectado que a mesa do pc). Uma canseira...
Contabilidade e lambidela de facturas
Ah e tal, não vais fazer contabilidade. Ui, só se não calhar. Pois é, a empresa de contabilidade está a falhar e por isso tive de refazer o seu trabalho, para ver se onde estão as falhas. Isso implica, após uma análise detalhada de milhares de facturas de táxis, centenas de capuccinos e umas boas dezenas de jantares bem aviados e regados, fazer tabelas de excel como se não houvesse amanhã, resumir a informação, pô-la toda numa moeda só e tirar conclusões. Até gostei.
Gostando ou não, sempre me tenho sentido mais activa.
PS - também fazemos traduções.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
São Nicolau
Esta terra tem coisas fabulosas. Não tem muitos feriados mas tem muitas celebrações. Hoje, por exemplo, é o dia de S. Nicolau (deve ser Nicolae, presumo). Significa que, à meia noite (ao luaaar, vai pla ruas, a cantaaaar, etc., etc., etc.) as famílias têm as botinhas à porta de casa, há espera que o barbudo do benfica lhes ponha prendinhas. Até aqui tudo bem. A malta no dia 24 (ou no dia 25, como é o meu caso) de Dezembro faz a mesma coisa, e não vem mal nenhum ao mundo por causa disso. O problema é o seguinte. No dia 24, à meia noite (o boémiiio sonhador), eles fazem a mesmíssima coisa. No dia dos anos recebem presentes, e no dia do santo do nome de cada um, recebem prendas (que é para ser diferente). Não sei exactamente o que acontece no dia de reis, mas pelo andar da carruagem, cheira-me a qualquer coisa no sapatinho (e juro que não é chulé). Para mim chega! Quero prendas também!!
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Dia Nacional da Roménia
O que para nós tugas é o dia da independência (ou melhor dizendo dia em que finalmente daqueles tipos que nem imaginação tinham para dar nomes giros – tipo Sancho - e diferentes aos seus reis, quanto mais para capacidade para tomar conta de nós), é para estes romenitos o Ziua Naţională a României. Por isso, e também porque não há muitas datas para celebrar, esta malta saiu toda à rua, cachecol, chapéu e bandeirita, para comemorar. Na Roménia sê romeno, e portanto, mesmo sem os adereços necessários, fizemos o programa devido.
Passava pouco das 11 horas e já estávamos nós no arco do triunfo. Muito tanque e pouca roupa suja. Uma parada militar à séria. Tanques de diferentes cores e feitios – que os há –, carros de polícia, forças militares de chapéus exuberantes e, como não podia faltar, a fanfarra final, passaram por não só por debaixo do arco como também de calorosos aplausos.
À tarde tive o prazer de visitar o parlamento. O dito edifício (2º maior do mundo, ou lá o que é), que não traz boas memórias aos romenos, mas que surpreende. É tão grande que não cabe no meu mísero português e pior ainda na minha mísera máquina fotográfica. Mármore branco por todos os lados e parecendo que não acaba. Cada sala é absolutamente fabulosa! E a vista?! Fabulosa! Cada vez acgo mais graça a Bucareste. Mistura-se humildade com imponência, beleza com sujidade…é engraçado!
Mas engraçado, engraçado, foi o que se seguiu. Após um pausado lanche acendia-se a árvore de Natal e todas as iluminações. Foi o nosso banco rosinha que a pôs lá, mas teve a decência de a fazer mais pequena do que a do Porto 2m (“ah e tal, têm o 2º edifício maior do mundo, não há cá árvores de Natal maiores da Europa para vocês”). Fogo de artifício, música de natal, gente, muita gente. O pior foi quando acabou. Cada romeno criou um clone de si mesmo (ou mesmo mais) e ninguém se conseguia mover. Às vezes sim, havia movimentos, mas num sentido determinado por uma força alheia e desconhecida. Multidões contra multidões, sem espaço entre si causaram o caos na cidade (com direito a linhas telefónicas saturadas e tudo). Boa Millenium! Ainda parámos num concerto (bem giro) de folclore romeno e depois casita. Ah, mais ainda há tempo para dar um pezinho de dança. “Twice”, talvez 2 pezinhos de dança seja melhor que o “tuntse, tuntse” não agrada. Rock no Clube A, mas pouco que o dia já vai longo.
O trabalho
O trabalho de facto tem deixado a desejar. Pacificamente nada fazia, e aguardava por trabalho. De repente, e quase sem dar por ela vejo-me mergulhada (e uso mergulhada porque praticamente não consigo respirar) em quilos de manuais de operações de manutenção. Pois é. Há manuais para a manutenção de coisas que nunca pensei que existissem: desde fontes decorativas, até centrais de bombagem de água para incêndios, passando por clarabóias, muitos são os manuais que tenho de traduzir.
Penso que há interesse em registar algumas das muitas palavras novas que descobri (sublinho descobri, mas simplesmente as descobri, não as percebi todas) nestas lides:
- Empanque (costumava dizer “empanquei naquilo” mas descobri que há outro significado mais pomposo)
- Chumaceira
- Pressostatos
- Serpentinas (só conhecia as de carnaval e bastava-me)
- Confetis (esta é tanga, também já era demais)
- Densímetro
- Altura manométrica
- Acoplamento
- Vaso de expansão
- Válvula de borboleta
- Macho esférico
Acho que sobreviveria sem as conhecer mas como o saber não ocupa lugar alegro-me de me ter encontrado com elas. Há também que ver as coisas pelo lado positivo, a tradução é para inglês, não é para romeno.
Penso que há interesse em registar algumas das muitas palavras novas que descobri (sublinho descobri, mas simplesmente as descobri, não as percebi todas) nestas lides:
- Empanque (costumava dizer “empanquei naquilo” mas descobri que há outro significado mais pomposo)
- Chumaceira
- Pressostatos
- Serpentinas (só conhecia as de carnaval e bastava-me)
- Confetis (esta é tanga, também já era demais)
- Densímetro
- Altura manométrica
- Acoplamento
- Vaso de expansão
- Válvula de borboleta
- Macho esférico
Acho que sobreviveria sem as conhecer mas como o saber não ocupa lugar alegro-me de me ter encontrado com elas. Há também que ver as coisas pelo lado positivo, a tradução é para inglês, não é para romeno.
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