segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

A minha lista




Obrigada Jaminho, poupaste-me trabalho!

O próximo é que é!

Não gosto da passagem de ano. Tudo é falso. Podia apetecer-me ir pra caminha cedinho, mas não, não pode ser. Depois as passas, ao ritmo dos desejos, os de dezembro já me saiem parecidos aos de Janeiro ou Fevereiro. Depois há as cuecas azuis, e há o que mais se quiser inventar para fazer doer a consciência dos que não querem estar presos a estas pequenas coisas mas cujo risco não se quer correr. Sou eu! Porque raio tenho de ter umas cuecas azuis NOVAS no dia 1? Ou será que é à meia noite de 31 para 1? Bom, à cautela tenho 2 cuecas novas azuis, e sei que vou usá-las na passagem de ano e no próprio dia. Rendi-me a mais uma superstição e é mais um ano que ela vai andar comigo. O que é que se aproveita nisto tudo? O champagne e as resoluções! Gosto do brinde, gosto do champagne e gosto que todos bebam do mesmo! Quanto às resoluções de ano novo são mesmo boas notícias. Há que resolver alguma coisa pelo menos uma vez por ano, ou pelo menos, pensar em resolver. Vai ser muito bom. Vou ser melhor, mais magra, mais gira e até mais nova! Ao nível intelectual certamente também haverá melhorias. Enfim, uma maravilha. Feliz ano novo.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Uma queda, um hospital

A nossa amiga Diana mandou um tralho. Até aqui, nada de novo. É conhecida como uma profissional de quedas, no chão, contra sinais de trânsito, postes, beliches, pessoas e tudo o que é suscepível de fazer magoar. Faz parte e tem até o seu charme (para mim que acho graça). Tem até registo dos records alcançados. Ao nível das quedas, por exemplo, é sete num fim de semana (atenuante, era prolongado). Bucareste não seria excepção. A neve é muito linda, torna a cidade bonita, mas depois...depois é que são elas. O gelo no chão, que me havia feito quase cair no dia anterior, com a Diana foi implacável (e nem ela permitiria o contrário). Depois de choros, gemidos e quebras de tensão, eis chegada a hora de ir a um hospital romeno. Desenganem-se os que pensam que é o caos das urgências do Santa Maria (que foi o pior que já experienciei). Não esperámos 1 minuto até a vermos sentada numa cadeira de rodas, nem 3 até estar a ser "atendida". Um raio X determinaram a sentença, há más e boas notícias: o tornozelo partido, uma ruptura de ligamentos mas livre de intervenção cirúrgica. Houve guinchos que ensurdecederam alguns romenos ali presentes, mas finalmente tinha "tudo no sítio" e o pezito engessado. Agora são 6 semanas de calma, paciência e muito "takataka".

Monstro do cotão

É horrível, cresce sem darmos por ela, esconde-se para aparecer nos momentos mais inconvenientes, passa de uns locais para os outros sem se fazer notar. É o monstro do cotão. Voltou a aparecer na minha vida. Reduzi-o ao máximo que pude, mas sem os poderes do "super-aspirador" torna-se quase impossível. Sei que vai voltar... Ele anda aí!!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

O beto romeno

Tudo corria bem. Ok, desta vez houve excesso de bagagem, mas nada de especial. Encontro uma amiga que não vejo há já um ano. Em Madrid uma que não vejo há mais de dois. Conversa é sempre bom quando preciso de me entreter. Uma fila aqui, outra acolá, mas tudo ia sobre rodas até ao inferno "Madrid- Bucareste".

Escolho a dedo o meu lugar, perto da janela. Tenho dois livros, nada pode falhar. Ah, 2 jovens ao meu lado, que mostram os pullovers lacoste que compraram aos preços baixos de Espanha, o paizinho à frente, e a restante família espalhada ali ao pé. Decidi nem prestar atenção ao pequeno “show” de segurança, para não secar.
Tudo começa quando a “miss totó bem feito” passar com o seu mini bar ambulante. Para abrir pedem uma sandes e a tradicional coca-cola (são romenos, não tem nada que enganar). O mal começa com o red bull fedorento que começam a pedir. Não gosto de red bull, o cheiro enjoa-me, mas não há nada a fazer. Ui, Jack Daniels. Um copo, dois copos. Um que passa para a frente, cubos de gelo que passam para trás, está o circo armado. “Dorme lula”. Acho até que consegui mas…não há red bullJack Daniels (RDJD) sem o belo do som. Alto, estava bem alto. Mudava de posição, tentava, mas o som e o cheiro não me permitiam ferrar à séria como pretendia. Tinha acabado de chegar ao inferno e, não sei se alucinei ou não, mas pareceu-me ouvir “ela nunca vai conseguir dormir aqui”. Era verdade! Maldade mas verdade. O som aumenta. Não aguento, é mau demais para o estar a ouvir. Felizmente tinha o ipod salvador do Rodrigo que se revelou bastante útil. O pai deixou de me parecer pai e tudo aquilo mais me pareceu o regresso de uma viagem de finalistas (volta rapaz que me fez festinhas na cabeça de Portugal ao Brasil, que estás perdoado). A alucinação é de tal ordem que me pareceu ver o bebé da família a pegar num copo de RDJD. Não era o bebé mas sim o pai. Ai, mas o bebé sempre existe e passeia-se nas mesinhas dos rapazes por entre os copos e a bebida que já tantas vezes foi nelas vertida e o mars, cujo cheiro também já me começa a enojar (e não vou falar do sovaco do romenito sentado imediatamente ao meu lado). “bem podia vir agora a miss totó bem feito”, no seu papel de “fiscal de mesinhas fechadas”, terminar aquela cena. Ah! Mãe de bom senso, que vem buscar o bebé…Ah, vão acalmar: há cartas na mesa. Mas não!
De repente, e tudo sem que ouvisse nada, porque o ipod continuava a desempenhar a sua função, vejo uma mão “gadget” a galgar por entre dois assentos e ir direita à cara de um membro da família. Finalmente isto vai animar, vou viver os velhos tempos do cinema da costa nova em que o filme parava enquanto meia dúzia de pescadores acertavam suas contas. Sim, o clima de horror instalou-se e as intervenções do comissário só cessaram quando disse no seu melhor castelhano o que me arrisco a traduzir por “se essa merda se repete tens a bófia à espera assim que aterrarmos”.
Não pararam na totalidade. Houve cigarrinhos no WC, houve gente em pé quando devia estar com os cintos, houve barulho, ouve discretos puxões de orelhas que só eu vi, mas a coisa compôs-se.

Parte boa a retirar desta viagem
- passei a identificar o que é o beto romeno. Veste bem, passeia com os paizinhos e faz estrilho sempre que pode
- Nunca mais digo mal de ninguém que, no avião, se mitre ao meu pãozinho e ao meu mini pacotinho de salas. Volta espanhol dos mentolitos que, também tu estás perdoado.

Aviões

É cada vez mais evidente. Não gosto de andar de avião. “Ah, tens é medo…”. Nada disso. Gosto do friozinho na barriga quando levantamos voo. Gosto do potencial de histórias ridículas que daí advêm, mas de resto, os pontos fracos são muitos e posso enumerar alguns para que me acreditem:

1. O avião nunca está nem chega aonde dá jeito, é perto é perto de onde dá jeito, mas não é. “São cerca de 20km”…20km?!?
2. Quando a cidade tem mais do que um aeroporto o risco de não irmos para o correcto é bastante grande (É BASTANTE GRANDE, SIM, E DE SÓ REPARAR NISSO À HORA DE ABERTURA DO CHECK IN TAMBÉM)
3. O táxi à porta dos aeroportos é um verdadeiro roubo e portanto, no caso de acontecer 2., a malta fica danada…é desagradável e pode até estragar uma viagem.
4. As filas nas portas de embarque 10 minutos antes da sua abertura. Irrita-me e pior, se ficas sentado há olhares de chantagem, acabo sempre por compactuar…
5. Os comissários de bordo. Tenham paciência, com esta é que eu não posso mesmo. Uma pessoa demora horas para chegar ao aeroporto (com ou sem incidentes), filas no check in, esperas, filas para sabermos se somos de bem ou não a partir do caderninho vermelho, filas nas portas de embarque e, quando finalmente se senta em paz e se prepara para relaxar, tem de levar com aquela palhaça. Sim, refiro-me aquela pequena exibição (sempre pior quando são jovens senhores a desempenhá-la). Como se gasta tanto dinheiro a ensinar aqueles passos de dança a tanta gente. Bastava contratar um, sugiro até um actor profissional, gravar, montar, pós produzir e como resultado sairia um belo filme, mais real e mais explicativo que se repetiria a cada viagem. Porquê? Porquê aquele ar firme a apontar sabe-se lá para onde? Mas passa pela cabeça de alguém que alguma daquelas almas ali sentadas consiga ter a percepção de onde estão as saídas de emergência? Eu pelo menos, fico tão entretida a ver a performance individual de cada que me esqueço por completo do propósito de segurança da coisa. Finalmente, depois do momento alto em que cinto deslizar no ar, nas mãos do menino já com o colete amarelo vazio sobre os seus ombros, terminou aquele momento. Agora sim. Afinal não. Chegou a hora de desempenhar um outro papel. Transformam-se em fiscais das mesinhas, dos cintos, das bagagens debaixo da cadeira alheia…e apanham sempre um ou dois prevaricadores, mas sempre com aquele ar de polícia bom…que dor…
6. As malas. Uma maçada…dispensa dissertação. A partir do momento em que se apanha um autocarro para ir buscar a mísera mala que está praticamente vazia…
7. As escalas – gosto mais da de Richter e da de Mercalli do que destas. São opiniões…
8. Os bancos dos aeroportos – por mim tirava-lhe os braços. Aliás, acho que o sofá cama devia fazer parte do mobiliário obrigatório de qualquer aeroporto. Mas ok, a vida está difícil.
Sugestão: investir a poupança obtida com a redução da formação em expressão dramática dos comissários e hospedeiras, em sofás cama, ok, são dinheiros de partes diferentes, mas com organização tudo se consegue, vamos lá a fazer uma forçazinha)

9.As chegadas – que vergonha…estou sempre à espera das palmas quando saio com as malinhas…


segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O mercado do Obor

Ontem o mercado do Obor foi na Calea Moşilor, "na entrada logo a seguir à German Optik, na tão falada penthouse. Para os presentes houve de tudo: conservas, facas, copos de plástico, copos de vidro, canecas, varinhas mágicas, batatas, cebolas, tachos, frigideiras, mesinhas de cabeceira, candeeiros, extensões eléctricas...enfim, para todos os gostos. Bastava a pergunta "mais alguém quer?". Não, põe no saco. No caso contrário, procedia-se a uma pequena discussão para aferir de que lado estava a maior necessidade - é para esse que vai a peça. Foi assim que se dividiu ontem o recheio de casa da Ana e do André, com o intuito de não deixar enriquecer o Chinês*.

Para casa levámos uma série sacos, cheios de utilidades que um dia também passaremos a alguém. No maior, e bem fechadinho, trouxe a saudade e a falta que a Ana me vai fazer durante estes próximos meses em Bucareste. Mesmo assim, acho que valeu a pena trazê-lo.


Beijinhos Ana.

PS - hoje as duas outras pelintras ainda trouxeram uma bicicleta...

*Chinês - o senhorio da casa

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Sighişoara


Eu podia falar de Sighişoara. Da magnífica viagem que nos levou dois dias quando podia resumir-se a apenas um. Do acordar às 4h50. Das 5 horas num comboio em pé com as tradicionais cotoveladas. Da neve do caminho. Do cansaço.Da casa onde nasceu o Vlad Ţepeş (vulgo Conde Drácula) e onde jantei. Das 4 pequenas salas de um museu de armas. Dos barretes. Dos gatos felpudos da casa da Cristina (que não se chegaram a transformar em vampiros durante a noite). Enfim, da visita à vila que embora engraçada era pequena e que não justificou o meu esforço e sono. Mas não. Não me apetece. Apetece-me mostrar a foto do menino, que pedia na estação (parem as lágrimas, isto acaba já). Apetece-me contar que agradeceu, sorrindo gentilmente, a foto e, sobretudo, o poder ver -se na máquina. Parecia cigano, mas não tinha cotovelos de ferro (chorai, agora). Sim, pensei pedir-lhe o e-mail para lha enviar, mas seria inútil...ele não falava inglês:P

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

LULA SA - serviços de estafetagem, compras e tudo e tudo e tudo



Desde que trabalho que me queixo do que faço. Acho mesmo que não é por nao gostar, mas antes por achar que podia ser melhor. Quando vim para esta terra, pus as mãos à cabeça com o que ia fazer "vou comprar agrafadores e micas". De facto, não foi o que sonhei para mim (mas também não me lembro muito bem desse sonho)

Desde que cá estou tenho feito muitas coisas que, um dia, me atreverei, orgulhosamente, a por no meu CV.

Serviços de estafetagem

Comecemos pelos serviços de estafetagem. Tornei-me numa moça de recados. Já fui a poşta româna, que é como quem diz aos correios. Lá encontrei uma séria de gente simpática e velhinha, infelizmente não foi atrás do balcão. Aí encontrei 3 jovens e trombudas. Felizmente havia uma, que embora não falasse inglês (e provavelmente nem romeno fala, porque não lhe ouvi qualquer tipo de som), entendia. Lá enviei mil cartas, com aviso de recepção. Safei-me.

Compras

Outro dos meus trabalhos é arranjar um fornecedor de economato - forma pomposa de dizer lápis e agrafadores. Significa, que das propostas que recebi (e não em resposta aos mails por mim enviados), tenho de fazer um "cabaz" comparável e seleccionar um fornecedor. Simples, nada de estranho. O grave problema não está no cabaz mas nos produtos romenos que estão dentro deles - capses, capsatores, harties, folies, plics, enfim, todo um manancial de coisas que espero serem precisas para se trabalhar num escritório.

Asseio

Uma empresa quer-se asseada. Como não quero que esteja na minha "job description" o tópico "desinfecção de sanitas e bidés" é melhor que arranje uma empresa de limpeza. Nunca pensei que houvesse tanta esquisitice para contratar mulheres (ou homens, não me oponho) a dias. Ao que parece eles só fazem o que está no papel, e no caso, o papel não é o que fica em cima da mesa da cozinha, mas o pomposo nome "caderno de encargos". Tive de o fazer, cheio de descrições, metros quadrados, tipos de pavimentos e revestimentos e, até, diferentes níveis de limpeza (que o WC se quer mais definfectado que a mesa do pc). Uma canseira...

Contabilidade e lambidela de facturas

Ah e tal, não vais fazer contabilidade. Ui, só se não calhar. Pois é, a empresa de contabilidade está a falhar e por isso tive de refazer o seu trabalho, para ver se onde estão as falhas. Isso implica, após uma análise detalhada de milhares de facturas de táxis, centenas de capuccinos e umas boas dezenas de jantares bem aviados e regados, fazer tabelas de excel como se não houvesse amanhã, resumir a informação, pô-la toda numa moeda só e tirar conclusões. Até gostei.

Gostando ou não, sempre me tenho sentido mais activa.


PS - também fazemos traduções.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

São Nicolau

Esta terra tem coisas fabulosas. Não tem muitos feriados mas tem muitas celebrações. Hoje, por exemplo, é o dia de S. Nicolau (deve ser Nicolae, presumo). Significa que, à meia noite (ao luaaar, vai pla ruas, a cantaaaar, etc., etc., etc.) as famílias têm as botinhas à porta de casa, há espera que o barbudo do benfica lhes ponha prendinhas. Até aqui tudo bem. A malta no dia 24 (ou no dia 25, como é o meu caso) de Dezembro faz a mesma coisa, e não vem mal nenhum ao mundo por causa disso. O problema é o seguinte. No dia 24, à meia noite (o boémiiio sonhador), eles fazem a mesmíssima coisa. No dia dos anos recebem presentes, e no dia do santo do nome de cada um, recebem prendas (que é para ser diferente). Não sei exactamente o que acontece no dia de reis, mas pelo andar da carruagem, cheira-me a qualquer coisa no sapatinho (e juro que não é chulé). Para mim chega! Quero prendas também!!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Dia Nacional da Roménia


O que para nós tugas é o dia da independência (ou melhor dizendo dia em que finalmente daqueles tipos que nem imaginação tinham para dar nomes giros – tipo Sancho - e diferentes aos seus reis, quanto mais para capacidade para tomar conta de nós), é para estes romenitos o Ziua Naţională a României. Por isso, e também porque não há muitas datas para celebrar, esta malta saiu toda à rua, cachecol, chapéu e bandeirita, para comemorar. Na Roménia sê romeno, e portanto, mesmo sem os adereços necessários, fizemos o programa devido.
Passava pouco das 11 horas e já estávamos nós no arco do triunfo. Muito tanque e pouca roupa suja. Uma parada militar à séria. Tanques de diferentes cores e feitios – que os há –, carros de polícia, forças militares de chapéus exuberantes e, como não podia faltar, a fanfarra final, passaram por não só por debaixo do arco como também de calorosos aplausos.
À tarde tive o prazer de visitar o parlamento. O dito edifício (2º maior do mundo, ou lá o que é), que não traz boas memórias aos romenos, mas que surpreende. É tão grande que não cabe no meu mísero português e pior ainda na minha mísera máquina fotográfica. Mármore branco por todos os lados e parecendo que não acaba. Cada sala é absolutamente fabulosa! E a vista?! Fabulosa! Cada vez acgo mais graça a Bucareste. Mistura-se humildade com imponência, beleza com sujidade…é engraçado!
Mas engraçado, engraçado, foi o que se seguiu. Após um pausado lanche acendia-se a árvore de Natal e todas as iluminações. Foi o nosso banco rosinha que a pôs lá, mas teve a decência de a fazer mais pequena do que a do Porto 2m (“ah e tal, têm o 2º edifício maior do mundo, não há cá árvores de Natal maiores da Europa para vocês”). Fogo de artifício, música de natal, gente, muita gente. O pior foi quando acabou. Cada romeno criou um clone de si mesmo (ou mesmo mais) e ninguém se conseguia mover. Às vezes sim, havia movimentos, mas num sentido determinado por uma força alheia e desconhecida. Multidões contra multidões, sem espaço entre si causaram o caos na cidade (com direito a linhas telefónicas saturadas e tudo). Boa Millenium! Ainda parámos num concerto (bem giro) de folclore romeno e depois casita. Ah, mais ainda há tempo para dar um pezinho de dança. “Twice”, talvez 2 pezinhos de dança seja melhor que o “tuntse, tuntse” não agrada. Rock no Clube A, mas pouco que o dia já vai longo.

O trabalho

O trabalho de facto tem deixado a desejar. Pacificamente nada fazia, e aguardava por trabalho. De repente, e quase sem dar por ela vejo-me mergulhada (e uso mergulhada porque praticamente não consigo respirar) em quilos de manuais de operações de manutenção. Pois é. Há manuais para a manutenção de coisas que nunca pensei que existissem: desde fontes decorativas, até centrais de bombagem de água para incêndios, passando por clarabóias, muitos são os manuais que tenho de traduzir.
Penso que há interesse em registar algumas das muitas palavras novas que descobri (sublinho descobri, mas simplesmente as descobri, não as percebi todas) nestas lides:
- Empanque (costumava dizer “empanquei naquilo” mas descobri que há outro significado mais pomposo)
- Chumaceira
- Pressostatos
- Serpentinas (só conhecia as de carnaval e bastava-me)
- Confetis (esta é tanga, também já era demais)
- Densímetro
- Altura manométrica
- Acoplamento
- Vaso de expansão
- Válvula de borboleta
- Macho esférico

Acho que sobreviveria sem as conhecer mas como o saber não ocupa lugar alegro-me de me ter encontrado com elas. Há também que ver as coisas pelo lado positivo, a tradução é para inglês, não é para romeno.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Uma semana

Estou há uma semana em Bucareste. Esta passou rápido. Algumas coisas já estão resolvidas. Tenho a minha casinha, já não durmo em saco-cama, já consigo um mínimo de orientação na cidade e já sei pra mais de 10 palavras romenas. Só o trabalho é que ainda não começou...
Para além disso, sinto-me já capaz de identificar e registar alguns pontos caracterizadores da cidade. Algo a que resolvi criativamente chamar "o que há mais em Bucareste".


O que há mais em Bucareste

- Romenos (dahh) - Esperava encontrá-los mas não em tão grande número para o espaço disponível
- Carros, também em grande número para o espaço disponível
- Má condução
- Insegurança – é sobretudo a combinação das duas anteriores que resulta num perigo constante para quem comete a ousadia de se meter nestas estradas, seja a pé seja de carro
- Frio (no exterior)
- Calor (no interior – de cada um, mas sobretudo dos edifícios)
- Má-educação - é frequente sermos pisados haver lugar para desculpas, já fomos expulsas de um táxi sem razão aparente, va rog, que é como quem diz, por favor, à partida não existe.
- Mau cheiro – é verdade. Uma das poucas coisas que ouvi sobre a Roménia e que se veio a constatar. De facto por vezes o odor, sobretudo em transportes, não é o que desejaria
- Floristas – arriscaria, sem grande rigor estatístico, o "nunca menos que um florista por estação de metro"
- Bancos, casas de câmbio e, não menos importantes, casinos e casas de jogos
- a Laura Pausini, o Eros Ramazzotti e os míticos ABBA
- Notas. Do 1 ao 100 é bastante fácil a carteira estar recheada de notas, mesmo que não se esteja propriamente rica. Há também moedas mas poucas, e quando falham há sempre rebuçados que as substituem na perfeição. Registar: Notas + modedas + rebuçados.
- Obras – muitas e notam-se bem.
- Portas – “Ah, portas há em todo o lado”. Pois é, mas estas são colocadas horizontalmente (e inseguramente) nos passeios pedonais, para atravessar um buraco de um lado ao outro.

- Publicidade - pois é, ainda não me vi livre dela. Há marcas por tudo quanto é sítio

Atenção, são apenas as primeiras impressões.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Calendário romeno

Os RR estão a dar os primeiros passos no mundo do entretenimento e estão sempre a marcar pontos. Prepararam esta pequena surpresa hilariante para a minha despedida. É a hora de a mostrar ao mundo e de agradece aos meus amiguinhos Raquel e Rodrigo.



quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Assentar arraiais

Depois do acampamento na “pequena espelunca” e de outro de uma noite no sofá de uma tuga em Bucareste chegou a altura de estender o saco cama (maravilhoso ultra light, que me custou os olhos da cara mas que me tem dado um jeitaço) no meu próprio quarto.
Depois de alguns pequenos problemas de liquidez, e recorrendo sobretudo ao endividamento, finalmente conseguimos reunir os lei necessários para pagar os primeiros custos com a casa e finalmente assinar contrato. Foi moroso, mas valeu a pena. É linda! Limpinha, soalhinho de madeira, quentinha (convém), bastante arrumação (até demasiada, para os míseros 15kg que trouxe de bagagem*), uma localização que me parece – a mim, leiga neste assunto – bastante razoável e, não menos importante, um preço suportável.
Está tudo a correr bem. Faltam alguns pequenos luxos – casa de banho operacional para tomar duche, lavar dentinhos entre outras coisas (note-se que temos um cubículo de menos de 1m2 com uma ela duma sanita – sem autoclismo OLI), a dispensa recheada e internet.

As residentes ainda não estão todas presentes (falta-nos a da suite – Diana), mas amanhã arrancamos a todo o vapor.

*A balança onde no decorrer da preparação das malas sempre pesei a minha bagagem e, afinal, nunca tive excesso de peso. Devo ser a única mafarrica que sai de casa por 8 meses com 15kg de bagagem.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Dia longo

Madrid, 14h25
Ligo para a Irina – a menina que ficou de me ir buscar ao aeroporto – “este serviço não lhe está disponível”. Depois de descobrir que o valor pago para todos os países da EU, independentemente da operadora móvel que usamos é igual, eis chegada a hora da 2ª novidade: “o roaming só lhe permite fazer chamadas para o país em que está ou para o país de origem.” Está certo! Cabines, népia: não sei se não funcionam ou se sou eu que não sei funcionar com elas. “Trrim” (“trrim” não é bem o toque do meu telemóvel, mas para o efeito também serve). Medo! O chefe! “Ah e tal a Irina está doente, não a pode ir buscar e não gostou do apartamento reservado para si”. Medo (a duplicar). Depois de alguma conversa ficou decidido que ele ia mandar um taxista buscar-me (deve ser moda na Roménia ter taxistas de confiança) e logo se vê o que acho do apartamento. Dúvida: partilho ou não com a minha família? Não! Já chega de stress. Agora stresso sozinha.

“Trrim” outra vez… “Madalina” (o contacto nº 2) “I have some contacts for you”. Merda, não tenho caneta (tenho pc ligado, mas quem se lembra disso com ele à fente?!). 5 minutos para comprar um lápis. Ah, ah! Trolhas atrás de mim! Será que têm um lápis? “deixa ca ver essas orelhas”. Será que os trolhas espanhóis também usam os lápis nas orelhas? Ah ah, não usam nas orelhas mas tem um disponível para emprestar à meninas de ar atrapalhado! Agora estou eu, de lápis na mão, caderno aberto à espera do telefonema da Madalina (já que o meu roaming espectacular me dá a abébia de receber chamadas de um outro país que não Espanha ou Portugal…

Cá está! O contacto do taxista, o Dorin! O contacto do Catalin, o senhor do apartamento rasca e o da própria Madalina, que estava com uma voz algo apreensiva. Afinal…não stresso sozinha!

Que divertido, isto de estar completamente enrascada…


Madrid, 17h40
Nada de novo. Vou ficar enrascada até chegar a Bucareste. Estou apenas mais cansada e menos criativa no que toca a inventar coisas para fazer…enfim, já falta pouco para pelo menos saber a porta de embarque.
Dá-me a sensação de que, à excepção da malta que cá trabalha, sou aquela que está aqui há mais tempo…


Bucareste, noite, bem noite
Dorin, o taxista, foi-me buscar e levar à dita espelunca. Uma noite na espelunca.

Bucareste, manhã do dia seguinte
Escritório, Madalina, malas guardadinhas com ela. Estou cansada de malas. Vou sair.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Prós e contras (sem Fatinha mas com gracinha)

Tenho uns amigos muito engraçadinhos. São todos, mas há uma que anda com altos níveis de desempenho. Desde que é do conhecimento público o facto de ir para a Roménia as piadas são mais que muitas e essa senhora enviou-me uma compilação, bastante engraçada, do género de coisas que já ouvi e outras que ainda não conhecia e que me fizeram dar pequenos "guinchos" no novo local de trabalho.
Como gostei passo a citar:


Vantagens de ir para a Roménia

- visitar um país que a maior parte dos mortais não conhece (excêntrico, hein!)
- privar com o conde Drácula! Dizem que é uma simpatia!
- conhecer Ramniku
- não ouvir falar no Luís Filipe Menezes durante 9 meses
- ser adepta do Ramniku Futebol Clube – o Dínamo já era
- viver num país latino em que os nativos percebem português
- ter a possibilidade de andar a cavalo com um LADA a reboque!
- não ter a Espanha por perto
- usar cedilhas debaixo de Ss (ş), e ă
- aprender um hino novo para além do de Ílhavo e o de Portugal:

Deşteaptă-te, române, din somnul cel de moarte,
În care te-adânciră barbarii de tirani!
Acum ori niciodată croieşte-ţi altă soartă,
La care să se-nchine şi cruzii tăi duşmani!
Acum ori niciodată să dăm dovezi în lume
Că-n aste mâni mai curge un sânge de roman,
Şi că-n a noastre piepturi păstrăm cu fală-un nume
Triumfător în lupte, un nume de Traian!
Priviţi, măreţe umbre, Mihai, Ştefan, Corvine,
Româna naţiune, ai voştri strănepoţi,
Cu braţele armate, cu focul vostru-n vine,
"Viaţă-n libertate ori moarte!" strigă toţi.
Preoţi, cu crucea-n frunte! căci oastea e creştină,
Deviza-i libertate şi scopul ei preasfânt,
Murim mai bine-n luptă, cu glorie deplină,
Decât să fim sclavi iarăşi în vechiul nost' pământ!



- ter amigos que continuam a insistir em Ramniku quando já toda a gente sabe que a cidade é Bucareste. Não deixa de ser bom
- deixar de ver o programa Iládio Clímaco do Alfa Pendular em que ele vai prós Açores com a outra e ficam em quartos separados
- ter o Leu como moeda, e fazer piadas com o Ramniku ao Leu
- ir 2 horas à frente de Portugal – Vai buscareeeee!
- MAIS!!!!!!! Ter muito mais ciganos que em Portugal!
- possibilidade de encontrar autoclismos OLI (aparecem onde menos se espera, acrescento eu)
- finalmente, descobrir um sem-fim de coisas que os idiotas da cauda da Europa ignoram por completo


Desvantagens

- não poder assistir à reviravolta da economia portuguesa
- não poder ir à depila na Gafanha! (não tem mal, dá jeito para o frio)
- não assistir à vitória do Benfica no campeonato
- perder a expulsão do José Rodrigues dos Santos da RTP. Dizem que ele vai sair com as orelhas a abanar.. estou pra ver isso

- falhar as noitadas apoteóticas do DJ DLobo
- Cães vádios em vez de gatos fedorentos (uma desvantagem que acrescentei, não consigo parar de pensar que não tomei a vacina)


E pronto, está visto que ja ninguém precisa de autoclismos, já que a autora devia estar a vendê-los em vez de estar a compilar disparates. VAI TRABALHAR MALANDRA!!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

stressadinha

Sou stressadinha. Sou stressadinha quando não sei o que vai acontecer e quando sei...também! Sou! Há pouco a fazer. Nenhum dos discursos anti-stress me convencem e, como tal, estou stressada. Vou mudar de casa. Vou começar um novo trabalho, e bem diferente do anterior(:s). Vou ter os meus amigos à distância das internets e dos telefones. Vou mudar de país. A sra da paragem do autocarro não vai perceber à 1ª a dúvida que tenho sobre o percurso que devo tomar e, parece-me, é razão mais do que suficiente para estar stressada.
Mas o grave do stress é que fico tão desorientada que não consigo minimizá-lo. Neste momento estou na recta final da minha estadia em Portugal. Há pormenores que não resolvi e pessoas de quem não me despedi (e provavelmente não me vou despedir). Acho que me apetece mais despedir-me do meu cantinho, da minha zona de conforto, da vida direita e certa que tinha, para poder stressar à vontade nos próximos meses. Afinal, também gosto disto caramba!!
Acho que até estou um bocadinho menos stressada.

domingo, 4 de novembro de 2007

Um casório - o enterro dos velhos tempos

Ontem fui a mais um casório. Casório de amiga! O grave é que a amiga é de faculdade (a 1ª amiga da faculdade a casar-se). Fui e gostei. Comi e bebi como se deve num casamento, mas o mais importante é que a vi casar-se. Quase chorei (disse quase) quando entrou na igreja. Ao contrário do que costuma acontecer foi mesmo um mix de alegria com tristeza. Acontece que apesar de os tempos inconscientes da faculdade já terem passado (e eu já tinha percebido isso), este casamento foi mais uma pazada de terra em cima deles. Enfim, novos virão e serão enterrados. Tenho que me habituar aos ciclos...já é tempo.

Mudanças

O mundo é composto de mudanças. O que é válido para o geral há-de ser válido para cada uma das partes ou pelo menos, à parte em que cabe o meu quarto. Já há alguns anos que me habituo a ter duas casas: aquela onde moro oficialmente e aquela onde moro efectivamente. Mas efectivamente tenho as habituais tralhinhas repartidas pelas duas, para nenhuma ficar com ciúmes. Acontece, que no meio de tanta mudança estas tralhinhas estão progressivamente a concentrar-se na residência oficial, sendo que para a efectiva ficam só as que efectivamente são essenciais ao meu dia-a-dia. O básico.
Hoje foi o dia em que tentei, porque ainda não consegui, arranjar espaço para todas elas. Os meus aposentos oficiais têm duas camas. O que significa que têm dois “baixos da cama”. O baixo da cama, desde que me entendo por gente tem um potencial enorme. Quando era pequena (e quando a mãe deixava) cheguei a fazer um segundo quarto lá. Uma cama debaixo da cama, uma mesinha de cabeceira e respectivo candeeiro debaixo da cama faziam as delícias da pequena lula. Mais tarde descobri que em vez de quarto o “debaixo da cama” podia servir de arrumo, ou de desarrumo (o que sempre me deu muito mais jeito). Desde as últimas mudanças (há dois anos atrás) que o “debaixo da cama” em que não durmo estava na mesma. Desarrumado mas com todas as lembranças de faculdade. Hoje, tudo mudou. Limpei tudo. Desarrumei tudo, e consegui até (com algum esforço, mais do que se possa imaginar) deitar coisas fora. Alguns resumos da escola secundária, algumas cartas antigas do banco, alguns cartões do tempo em que as operadoras movéis os ofereciam, a troco de coisa alguma, com algum dinheirito em chamadas e...pouco mais. A verdade é que tenho sérias dificuldades em separar-me das coisas, por mais que não olhe para elas e não lhes ligue nenhuma (o que, de resto, é completamente verdade). Achei folhinhas de colecção (sim, disse folhinhas de colecção), cadernos inacabados (A4, A5, B4, blocos quadrados, rectangulares, ao alto, ao baixo, etc., etc....) que a minha consciência ecológica me continua a impedir a deitar fora, um walkman, o meu 1º Alcatel e respectivo carregador(esse ícone da era das telecomunicações, que me pediram que guardasse em lugar seguro, provavelmente para me parodiarem), um jogo de motas e respectivo carregador (oh pá, e o meu tetris, que será feito dele?!?) e até o meu passaporte, pelo qual chorei há umas semanas (caducado). Enfim, um mundo.
Neste momento 10% do mundo restante (a parte escolar até ao 12º ano) está arrumado em caixotes para o arquivo morto (vulgo sotão). 70% está espalhado à minha volta 3 os restantes 20 serão cartas que estão já arquivadas, e fotos (que nunca pensei ter) compiladas desordenadamente num caixote (um dia faço uns quantos albuns).
Um trabalho notável após cerca de 7 anos sem arrumar.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

180º

Muito eu me queixava de nada ter para escrever. De nada acontecer, de não saber para onde me virar. O "quando menos esperares" nunca me convenceu. Mas o que é certo é que numa tarde (ou em 2 horas) larguei o meu trabalho e decidi aventurar-me pelo mundo. Em resumo na 6ª de manhã trabalhava serena e no domingo à noite estava num hotel, num ambiente que como ouvi alguém dizer deve ser igual ao da operação triunfo, com mais 80 pessoas que não conhecia de parte nenhuma.
Durante uma semana a minha vida andou entre as palestras (na sua grande maioria uma valente seca) os coffee breaks, um esforço de integração social (que lá mais para o final já era mais integração do que propriamente esforço), piscina e jacuzzi aqui e ali e uns copitos de vez em quando.
Ao 7º dia não foi o descanso mas sim a descoberta do país do meu destino. Apenas o país, que não se pode querer tudo de uma só vez. Sei agora a cidade. É em Bucareste que vou passar um inverno rigoroso mas, espero, brindado com boas experiências, viagens e visitas. Se no príncipio era o choque, agora o entusiasmo ganha terreno. Bora aí!!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

um post. Nem sei fazer isto. Quer dizer, sei fazer, mas não sei se sei fazer como é suposto.
A verdade é que também não sei muito bem porque é que o estou a fazer...acontece-me algumas vezes quando tenho tempo livre.
É o que me está a acontecer agora. Tenho tempo livre porque estou à espera. "À espera" - é o estado em que me encontro. À espera nem sei por quanto tempo. Basicamente estou à espera esperando que seja rápido. Pelo menos sei do que estou à espera, já não é mau. Mas não ajuda. Espero na mesma. E pior: espero sozinha, com fome, com vontade de ir para casa e...à espera. Quem espera sempre alcança (ainda estou para ver isso). Quem espera desespera (quase). Às tantas quem espera tenta inventar qualquer coisa para entreter a espera. Posta! É isso!

(ainda nada chegou. continuo à espera...vou ter de me entreter com mais alguma coisa)